sexta-feira, 22 de março de 2013

Breve análise da personalidade do irmão pródigo




Por Franklin Rosa

Baseado no texto do Evangelho segundo Lucas cap. 15 vs. 11 ao 32.

Classifico como pródigo esse personagem da parábola também pois, embora de maneira distinta ele igualmente não percebe e desperdiça ainda que num primeiro momento a graça que estava a disposição através desse pai com coração amoroso a semelhança de seu irmão.

Uma frase que definiria bem esse texto que é o dilema enfrentado por várias pessoas e famílias afetadas por esse processo degenerativo da humanidade de um indivíduo é: Crise de auto-destruição.

Crise porque o mal estar, o desconforto, a insatisfação, a degradação emocional e consequentemente espiritual e física está evidentemente instalada, e auto-destruição porque os movimentos no qual esse personagem se deixa envolver são gatilhos disparados por ele mesmo como mecanismos de defesa, mas que acabam sendo projetados pela culatra fazendo dele a vítima à priori.

É uma crise que tem como base sólida estabelecida a sede das nossas emoções, por isso vale lembrar a percepção que teve o profeta Jeremias no cap. 17 vs. 9 dos seus escritos: “Enganoso é o coração (emoções traiçoeiras que em última análise acabam sendo nosso próprio algoz), mais do que todas as coisas, e perverso: quem o conhecerá?”.

Falta a esse filho/irmão a maturidade necessária para fazer a gestão do seu mundo interior e que, acaba ganhando traços bem nítidos de um coração adoecido pela inversão de valores que é fixada no seu subconsciente pelo agravo sofrido em sua alma que é fruto da projeção de expectativas em relação as interações familiares.

Fica muito fácil observar no seu comportamento o isolamento social. Ele não quer mais interação nem integração com o contexto no qual está inserido. No vs. 26 está registrado que ele chama um dos servos e pergunta o que estava acontecendo, revelando a distância física e emocional que ele mesmo havia se auto-imposto como resultado da indignação e amargura vs. 28 que haviam ganhado terreno no espaço dos seus sentimentos.

O pai percebe o sofrimento que carcomia a alma do filho e então, o convida insistentemente a entrar e se alegrar, mas para ele era inconcebível, impraticável e repudiante a idéia de fazer parte de uma celebração que estava sendo a razão do seu desgosto. Ele prefere ficar na dele sem se misturar.

Havia nele também uma perda de identidade. Provavelmente isso fosse o resultado de uma outra deficiência que era a falta de proximidade, intimidade de relacionamento com o pai. Ele se enxergava como um simples empregado e não como filho vs. 29b: “...Eis que te sirvo (servo) a tantos anos...”.

Essa perda com conseqüente transição de identidade, deu origem a outros dois argumentos equivocados: Meritolatria associada a Meritologia, pois ele se vangloria de nunca ter falhado em cumprir a cartilha do pai vs. 29c: “...sem nunca transgredir teu mandamento”, ou seja, a mentalidade era do orgulho próprio com os créditos do: “Eu mereço uma posição de destaque aqui”, e também a auto-comiseração associada a ingratidão, senão note essa frase vs. 29d: “...e nunca me deste um cabrito...”. Passa a ter pena de si mesmo, mergulhando ainda mais na auto-piedade egocentrada. Sobrava-lhe falta de consideração e reconhecimento do amor e dedicação do pai por tantos anos.

Minha sugestão para lidar com a crise de auto-destruição é fazer o caminho inverso do irmão pródigo, e adotar o conselho de Salomão: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” Provérbios cap. 4 vs. 23 .

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