sexta-feira, 1 de março de 2013

Fé Engaiolada


Eu creio, mas tenho dúvidas...

Por Marcos Fellipe

Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte. Tiago 1:6

Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Rm 11:33

Eis um dos grandes problemas das religiões, as religiões pregam certezas. Sou religioso, mas não farei isso por aqui...

A primeira coisa que é importante entender é que certezas são prisões. Na minha adolescência eu tinha muitas certezas, a religião me trouxe elas. Tinha certeza da salvação da minha alma, tinha certeza que todos que não eram cristãos iriam queimar eternamente numa câmara de torturas criada por Deus. Eu vivia preso nesse mundo repleto de certezas em o qual a dúvida não era tolerada.

Durante muito tempo a religião usou a fé como sinônimo de certeza e fazia com que seus fiés absorvessem passivamente tudo que os líderes religiosos apontavam como a verdade divina, duvidar disso era sinônimo de fraqueza. Muitos conhecem os textos e a história que eu citei nos posts anteriores, no entanto o medo de ir de encontro às verdades pré-estabelecidas pelo discurso oficial das grandes igrejas cristãs os paralisam, os aprisionam.

Hoje em todo o Brasil igrejas usam dessa afirmação para explorar seus fiéis. São comuns apelos como: Exercite sua fé, dê tudo que você tem que Deus te devolverá em dobro.

Fé não é sinonimo de certeza, a palavra fé no original não é um substantivo como temos no português, mas sim um verbo, por isso as vezes fica difícil de entender. Fé é verbo é ação é atitude é movimento.

Fé é certeza na medida em que ela se baseia na experiência do sagrado. Mas ao mesmo tempo a fé é cheia de incertezas, uma vez que o infinito, para qual ela está orientada, é experimentado por um ser finito. Esse elemento de insegurança na fé não pode ser anulado; nós precisamos aceitá-lo. (...) A fé engloba a ambos: conhecimento direto, do qual provém a certeza, e incerteza. Aceitar os dois é ter coragem. É suportando corajosamente a incerteza que a fé demonstra mais fortemente o seu caráter dinâmico. (Tillich)

Dito isto, tenha coragem, duvide, questione, não aceite as barbaridades que andam falando por aí em nome de Cristo. Só Deus é absoluto, fora isso tudo deve e pode ser relativizado, até mesmo as imagens que temos de Deus, as formas como vemos Deus, a forma como a igreja nos apresenta Deus.

Conversando com um tio meu ele me falou uma coisa que vou deixar por aqui: "Um mar que se compreende não passa de um aquário, um deus que se compreende não pode ser grande coisa”.

Deus é como um pássaro selvagem, as certezas religiosas são como gaiolas que tentam aprisionar Deus. A dúvida é sempre um espaço vazio onde cabe inúmeras possibilidades. Aventure-se!


Fonte: Teologia do Cotidiano

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