sexta-feira, 23 de maio de 2014

O lado nefasto da bíblia





Chegou a hora de dar o último, o principal, porém, delicadíssimo passo, rumo à desconstrução total dos dogmas pétreos do Cristianismo ortodoxo.
 
Eu quero declarar em alto e bom som, minha mais sincera e transparente aversão a palavra dita de Deus.

Palavra esta que se for “literalmente literalizada”, muitos dos seus episódios “ocorridos”, torna Deus em um grande Ser desprovido de inteligência e amor.
Pois se não, vejamos:

Conto da desobediência humana, sendo uma alternativa dada por Deus? Se for escolha, logo se segue que não deveria isto, levar o Senhor a amaldiçoar o homem, aja visto, Ele próprio ter decidido dar livre arbítrio para o mesmo. Como pode ser livre, se foi, é, e será punido?

Outro episódio que para mim é muito mais uma fabula do que realidade, embora o evento em si, seja factual, pois é constatado pela ciência que realmente houve um dilúvio, porém, as inúmeras estórias que são em diversas culturas contadas e recontadas, não passam de fabulas, ou será que imaginamos uma real possibilidade do “perfeito deus” ter de fato se arrependido de criar o homem, e, depois que o destrói, volta a se arrepender de novo, só que desta vez, por haver destruído o homem?

E a dramática e desumana estória (com “e”, e não com “h”) de Deus pedindo para Abraão sacrificar o seu único filho Isaque, como se fosse um animal, por causa de um estúpido teste, para saber se no final das contas, ele amava mesmo ou não Deus?

Oras, se isto for lido literalmente, nós temos um problema grave, pois isto revelaria um deus sádico, cruel e desumano, ou então, um Ser desprovido de inteligência e conhecimento prévio do futuro, pois não sabia Ele que é justamente “onisciente”, que Abraão o amava de verdade?
 
Então porque Ele precisava testar este amor?

E o caso lamentável de orgulho e exibicionismo da mais pura vaidade divina, que por causa de uma acusação inverídica do diabo, o soberano, déspota e arrogante “Deus”, resolve apostar com a vida de Jó, como se fosse um brinquedinho divino, que no final de tudo ainda, depois de delegar ao diabo poder total sobre Jó, que foi brutalmente destruído, tudo que tinha, não somente os bens materiais, mas também todos os seus filhos, ficando numa doença miserável, encontra-se com o criador, e vai simplesmente desabafar com Ele, e é, por isto, injustamente e duramente acusado pelo mesmo soberano, de disputar com Ele, quando nada sabe e nada entende?
 
Mas como haveria de entender, se nada viu e soube, e nem ainda se quer ficou sabendo, nem foi muito menos avisado?

E as dezenas de relatos das guerras e destruição, cometidos pelos Israelitas em nome de Deus?
 
Como explicar os genocídios e infanticídios que foram todos causados, por uma “motivação divina”, em que o povo Israelita se achou no direito, pois eram os escolhidos, em nome de Yavé, exterminar todos os outros povos em seu redor?

Percebe-se que é esta literalidade, glorificada e defendida com unhas e dentes pelos “guardiões da reta doutrina”, que precisamos jogar na lata do lixo, se ainda desejamos ler a bíblia sem repulsa e indignação, apenas contemplando com os olhos da alma, as suas belas e significativas metáforas, mitos e fabulas.

Mas não! A bíblia é colocada no mais alto pedestal, onde é idolatrada pelos evangélicos, tida como sagrada e reverenciada, igual ou até mesmo mais, do que o próprio Cristo ou/e Deus, podendo ser questionado tudo, menos a tal da “inspiração” e “inerrância” divina dos textos canônicos, tido como literais, daí a expressão ser mesmo o fundamentalismo xiita e talibanês dos crentes.

Mas não para por ai o meu ódio em relação à pretensa “palavra de deus”, tida como verdade absoluta do Cristianismo. Pois também no novo testamento, encontro mandamentos que são contrários a vida, como por exemplo, a demonização do corpo em favor da exaltação da alma, sendo tudo aquilo advindo e para o corpo, estigmatizado e considerado pecado, mas aquilo que for para alma é santo e puro!

Um deus avesso a vida, a alegria, a diversão e o mais delicioso prazer, com a promessa fantasiosa e alienante, de uma vida melhor no além, para o descanso da alma, mas em compensação em oposição ao corpo, que na linguagem cristã, para nada presta.

Sendo a liberdade humana restringida e limitada pelos cabrestos auto-impostos pelas inúmeras regras e mandamentos, como se a vida se resumisse a um mero comprimento de normas cinzentas e anti-alegres, onde o gozar o prazer na carne é o maior pecado, mas se esquecem que o que temos neste mundo é justamente o nosso corpo, e é com ele que podemos contar e devemos valorizar cada momento de nossa efêmera vida, não abrindo mão de nossa atual existência, por uma recompensa futura no céu que talvez não exista, e que seja apenas uma manobra política do império romano, para anestesiar o povo oprimido de sua época.

Falar em império romano, não é muito estranho ser justamente isto, que Jesus nos evangelhos, vai mais apoiar e incentivar, um total abandono por vingança, e um amor e perdão incondicional dado por aqueles que nos oprimem e nos tiranizam, ser direcionado a um povo pobre, injustiçado e indefeso pelo poder político do império?

Lembrando que o novo testamento como conhecemos hoje, foi justamente juntado e acabado pelo imperador Constantino, que talvez, pode ter adulterado muitas coisas nos mesmos, tentando levar vantagem sobre a massa oprimida por ele.

Pois sem duvida alguma, de todos os ensinamentos dados por Jesus, o mais estranho é o de amar incondicionalmente os inimigos, tiranos e assassinos, pois mesmo que se consiga tal atitude desumana, as pessoas seriam anestesiadas e impedidas de lutar, se preciso for, com suas próprias vidas, em pró de uma vida mais justa, e contra a opressora tirania.

É muito argucioso e pura esperteza mesmo, se de fato Constantino inventou e colocou na boca de Jesus, o sermão da montanha, pois tal ensinamento é uma apologia total em favor dos oprimidos, fracos e marginalizados, oferecendo aos mesmos, uma anestesia paralisante de revolta contra suas situações, sendo os mesmos levados a entender que aquilo justamente é o passaporte seguro para uma vida feliz no paraíso, mas lembrando, não é para aqui, sendo somente quando morrer, ou seja, domestica e inibi qualquer vontade de lutar contra a opressão.

Em fim, eu odeio este lado nefasto da bíblia, porém as suas profundas, significativas e ricas metáforas, fábulas, poesias, símbolos e estórias, minha mais verdadeira devoção!



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