quinta-feira, 11 de julho de 2013

Nietsche e o Super-homem




O que há de errado com crer no paraíso, que virá? Nada! Pois diante do terror do “não existir”, manifesta-se a solução,  crer na transcendência! Alguém tem que pelo menos tentar explicar como vamos dar continuidade à vida, afinal todos concordam que o homem não concorda em deixar de existir!

Mas o erro está em que ao crer nesse “paraíso futuro”, exime-se do presente, uma espécie de fuga castradora do potencial humano, a anulação do devir, da transformação pelo desejo da imutabilidade, a cristalização do “ideal”!

Com o surgimento da modernidade, Nietsche anuncia a “Morte de Deus”. Mal compreendido por muitos críticos que pensam que ele falava da aniquilação da fé, mas o que ele quis dizer foi que “Quando a ciência nasce à religião perde o valor”.

Para ele quem mata Deus é o homem cientista, antes eu rezava, mas agora vou ao médico. Não é pensar que "Deus" não exista, mas o deixar para o segundo plano. Esse seria o Niilismo reativo: “Reajo a Deus e no trono de Deus eu coloco o cientista”.

Para Nietsche “A verdade não é produto da curiosidade humana em descobrir o que as coisas são, é produto do nosso medo da morte. “A verdade é uma necessidade psicológica de duração”, por não sermos capazes de lidar com a vida como ela é. Não nos sentimos fortes o suficiente para afirmar a vida como ela é então construímos a idéia de verdade”.

A resposta de Nietzsche para o niilismo é a busca para a superação do homem no presente, dia após dia, está em concordância com a essência da fé cristã, pois para ele o “Super-homem é aquele que parte da afirmação da morte, inventa a si mesmo, ao invés de aceitar o modelo pré-estabelecido”.

Super-homem é esse que tem coragem de lidar a cada segundo da sua vida com os conflitos, paradoxos e contradições através da escolha. Existe uma diferença entre liberdade e livre arbítrio, no livre arbítrio existe uma série de possibilidades de escolhas, mas essa série é pré-dada. Sendo assim, a liberdade consiste no máximo como “possibilidade do livre arbítrio”. Enquanto que na liberdade: “inventamos nossas próprias possibilidades” em cada situação, com a consciência de que há: “um instante supremo e nesse, nosso gesto determina”. Esse é o Homem que se supera, que se inventa no presente.

Para Nietsche, organizar a vida a partir de dar significado mostra o “ressentimento”, do homem, para ele o ideal é viver a vida despencando no abismo dançando, mas o que ocorre é despencar gritando, ou para não gritar “criar sentido na transcendência”.

A religião é produtora fantasias para dar significado ao vazio que o homem está caindo, por isso: “a humanidade inventa o significado”. No entanto todos estão “despencando”, não importa se gritando ou sem gritar.

Acho que a transcendência nos ajuda a gritar menos, até mesmo a dançarmos enquanto despencamos...


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