quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Fé versus Sofrimento




Nós temos dificuldade em lidar com disparidades. Gostamos das ciências exatas e que fazem um sentido lógico. Temos inclinação para as coisas que se encaixam perfeitamente e de caminhos que nos levem a um lugar definido. Por essa razão, entramos em conflito no que concerne a duas realidades que encontram dificuldade de conciliação e que constantemente inquietam e consomem a alma daqueles que professam algum tipo de crença em Deus e que buscam respostas em relação as crises e descaminhos que se enfrentam nessa dimensão de consciência terrena, são elas: FÉ e SOFRIMENTO.

A relação com essas percepções é quase sempre tensa e esmagadora, e resulta inevitavelmente em algumas interrogações: Se tenho fé por que sofro? Se sofro é por que não tenho fé?

Isso se dá porque queremos andar em estradas retilíneas, aplainadas e sem desníveis nem obstáculos. Não encontramos sentido quando as coisas não obedecem a um processo pré-concebido ou compreensível.

A interpretação que se faz é rasa, porque visa estabelecer um vínculo relacionado entre a espiritualidade e acontecimentos e situações que são próprias dessa existência da qual todos estamos sujeitos devido ao contexto em que vivemos com suas variantes culturais, sociais, políticas, geológicas, climáticas, etc.

Fé e sofrimento podem e devem andar em sintonia a partir do momento que fazemos a dissociação do vínculo de causa e efeito tão comum na concepção de quem tem religião e que é resultante da tentativa de avalizar coisas que são essencialmente naturais com outras realidades que trafegam na esfera de percepções espirituais.

A fé deve ser o processo desenvolvido em nós de conteúdos que foram agregados através de valores adquiridos na dimensão espiritual que são fruto do relacionamento com a Divindade, e que necessariamente nos remeta a sensatez de não querer manipular céus e terra em detrimento da possibilidade de crescer como seres em desenvolvimento sujeitos a prosperidade e calamidade.

Não digo com isso que devemos nos engajar em campanhas e levantar bandeiras pró-sofrimento, contudo, quando ele se fizer presente, precisamos ter o equilíbrio em absorvê-lo e administrá-lo de forma que a fé não seja sempre a vítima a priori.

A nossa fé em Deus pode ser uma experiência bonita e edificante, quando tivermos a disposição amadurecida pelos desconfortos dessa vida de assumir e encarar as diversas possibilidades que ela nos proporciona como visceralmente cantou nosso irmão: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.

A fé deve ser capaz de dar uma resposta imparcial a razão humana em face do sofrimento, nos fazendo insistir na possibilidade de mudanças interiores aproveitando o dom da vida com intensidade se conscientizando profundamente do sentido de existir.

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